PRB surpreendeu grandes legendas

PARTIDO ALTERNATIVO

O partido abriga amigos do governador Cid Gomes que não tiveram condições de filiação ao PSB cearense

Com apenas dois anos de fundação no Ceará, o Partido Republicano Brasileiro (PRB) saiu da sua primeira eleição municipal no Estado com um número expressivo de prefeitos eleitos, 17 no total. Em termos proporcionais, foram 119 vereadores eleitos em vários municípios, incluindo Fortaleza, onde o vereador Gelson Ferraz obteve uma votação expressiva, sendo reeleito. O próprio vereador, que é presidente do diretório municipal, avalia que, em âmbito estadual o partido saiu fortalecido dessa eleição e se configurando como uma das grandes legendas com atuação no Ceará.

O PRB ficou na quarta colocação entre os partidos que mais elegeram prefeitos, estando à frente de legendas importantes e com atuação já histórica como é o caso de PT, PDT, PTB, DEM, e PPS. Antes dos republicanos, só PSDB que elegeu o maior número de prefeitos; PMDB, do deputado federal Eunício Oliveira, e o PSB, do governador Cid Gomes.

Analisando a frieza dos números, o resultado é expressivo para uma sigla ainda desconhecida do eleitorado antes dessa eleição, mas há uma explicação para o crescimento: foi o partido que abrigou uma parte dos aliados do governador Cid Gomes e do deputado federal Ciro Gomes que, por motivos diversos, não puderam se filiar ao PSB, partido em que hoje estão filiados o governador e o deputado federal, seu irmão.

Alternativa

Um dos responsáveis por organizar o PRB para a eleição de 2008 no Ceará foi o deputado estadual José Albuquerque, que na Assembléia, exerce uma liderança política em nome do governador Cid Gomes. Em conversa com a reportagem do Diário do Nordeste, ele fez questão de afastar a idéia de que a agremiação é uma legenda ´alternativa´, como são denominados partidos que abrigam lideranças ligadas a um chefe maior, que ocupa posição de destaque em outra sigla.

´Começamos a conversar com os municípios muito antes da campanha. Nós observamos que tínhamos parceiros que já estavam no PSB, mas também vários que formavam outro grupo. Então nós procuramos um partido sério, que é o do vice-presidente da República, José Alencar, e fizemos uma divisão desse grupo´, detalhou o parlamentar que disse ter rodado vários municípios do Interior como um dos coordenadores do grupo político.

Outra justificativa usada por ele para a divisão dos aliados foi a presença de militantes históricos do PSB que, em alguns locais, pretendiam ter candidatura própria, contra aliados do grupo político do governador. ´Quando chegamos ao PSB tinha militantes históricos de 20 anos de partido. Como poderíamos desalojar uma pessoa que está a tantos anos segurando uma bandeira do PSB, em detrimento de outra que acabava de chegar? Jamais poderíamos chegar na casa alheia chutando a porta´, argumentou.

Estruturar

Diante do impasse, e na tentativa de alocar toda a base política que deu apoio à candidatura do governador Cid Gomes em 2006, a coordenação dessa base resolveu estruturar o PRB. ´Não é uma legenda alternativa. É um partido como outro qualquer que dá apoio ao Governo como o PMDB, o PT e os demais´, voltou a dizer o deputado do PSB.

Hipótese descartada por ele é a de haver um movimento gradual de migração de aliados que encontram-se no PSB para o PRB. ´O presidente Sérgio Novais (do PSB) nos recebeu muito bem. Não há nenhum atrito entre o nosso grupo e os históricos. Alguns pensaram no início que nós iríamos chegar querendo tomar o partido e isso não aconteceu´, acrescenta Albuquerque.

O deputado acrescenta que hoje há uma confiança mútua. ´Então não há por que pensar na possibilidade de migração´, assegurou, ao complementar que depois que Cid foi eleito governador, muitos prefeitos procuraram o grupo para se filiarem ao PSB ou ao PRB.