
Analistas dizem que Tin Gomes (PHS) é o beneficiado
Cientistas políticos ressaltaram que derrota, na Câmara Municipal, trava as pretensões de Luizianne para 2010
Os cientistas políticos, Uriban Xavier e Clésio Arruda, apresentaram ao Diário do Nordeste suas análises acerca do tumultuado processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) e suas conseqüências para o 2º mandato da prefeita da Capital, Luizianne Lins (PT). Segundo eles, a derrota na referida disputa foi apenas a primeira delas.
De acordo com Xavier, o processo que culminou na eleição de Salmito Filho (PT) à Presidência da CMF foi suficiente para causar uma ´fissura´ na aliança de 12 partidos que reelegeram Luizianne. Para ele, os últimos acontecimentos na Câmara, em torno do novo sucessor de Tin Gomes (PHS), ex-presidente da Casa e vice-prefeito eleito, não devem ser vistos como uma interferência da prefeita no processo eleitoral. Tendo em vista que, mesmo se tratando de poderes autônomos, pressupõe-se a existências de relações entre eles. Conforme Uriban Xavier, os fatos ocorridos, na verdade, refletem um ´racha´ nas relações e acordos estabelecidos pela aliança, a qual, segundo ele, visa apenas garantir força na disputa pelo poder e não um projeto.
Xavier disse que a eleição da Mesa deixou evidente a fragilidade organizacional do PT na Capital. ´Não foi só o Tin Gomes que apoiou Salmito Filho (PT) na eleição, parte do seu partido está dividido´, afirmou. Este criticou ainda a atitude de Salmito, pois, quando eleito presidente da Câmara, em seu discurso, disse que sua candidatura pertencia a um coletivo de vereadores e por isso não poderia retirá-la. ´A referência coletiva dele deveria ser a do PT e não de outros partidos. Isso é uma incoerência do discurso dele´, ressaltou.
Para Xavier, o ponto alto da eleição conturbada da Mesa Diretora foram as revelações sobre o futuro da política local. Ele disse acreditar que a atuação de Tin Gomes apoiando Salmito Filho, deixou a prefeita em maus lençóis. ´Ela está encurralada. Se ela sair candidata em 2010, não vai poder contar com a força da máquina (Prefeitura) porque o Tin vai assumir. Ela será obrigada a terminar o mandato e não acredito que ela vai se candidatar a vereadora´, avaliou.
Já Clésio Arruda afirmou que a prefeita estava preparada para isso quando ´finalmente´ aceitou Tin Gomes como seu vice-prefeito. ´Ela estava relutante por que estava pensando em sair (para as eleições de 2010), mas aceitou e agora sabe que vai ter que cumprir o mandato´, explicou.
Dependência
Arruda chamou a atenção, principalmente, para a dependência entre os dois poderes, em especial por parte do Executivo, pontuando a ação do Legislativo, o qual, pode ou não, aprovar as decisões prefeitorais. Por este motivo, ele disse acreditar sim na existência da interferência da Prefeitura na Câmara e que estas ocorrem por negociações políticas, como a realizada por Luizianne, ao tentar eleger um vereador para presidente da Câmara filiado ao PSB.
Um ´clientelismo´ que para os especialistas é diferente da utilização de cargos como instrumento de barganha política. ´A oferta de secretarias é normal dentro de uma política que não respeita a democracia. Oferecer um cargo, em barganha, é corrupção´, declarou Uriban Xavier, em alusão a oferta de uma secretaria estadual feita à Salmito Filho para que ele desistisse da candidatura a Presidência da Câmara. ´Nesse caso a secretaria foi usada como mecanismo de compra´, reforçou Clésio Arruda.
Segundo eles, Luizianne terá que utilizar toda a sua habilidade política. Pois não apenas terá que renegociar cargos para compensar a derrota na Câmara, mas também é possível que tenha conquistado uma nova oposição, a qual poderá ter contar por parte dos aliados que apoiaram Salmito Filho na eleição da Casa. Conforme Uriban Xavier, Tin Gomes deve ser o mais beneficiado com toda essa confusão, por toda a análise aqui apresentada, o cientista político disse acreditar que o vice-prefeito vai continuar atuante até 2010, quando deixará a decisão mais importante: Assembléia Legislativa ou Prefeitura de Fortaleza?
"A oferta de secretarias é normal em uma política que não respeita a democracia"
Uriban Xavier
Cientista político e professor da UFC
"Ela estava relutante porque pensava em sair, mas aceitou, e agora vai ter que cumprir"
Clésio Arruda
Cientista político e professor da Unifor
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