
Prefeita e presidente da CM fazem denúncias
Luizianne almoça com Tin Gomes, no dia 27de junho de 2008, no restaurante Moana, e diz, ao próprio, que não o quer como candidato a vice-prefeito
Para o vereador Salmito Filho houve ´chantagens´ e a prefeita diz que aliado reclamou que perderia R$ 30 mil
O Ministério Público, que não precisa de provocação para agir em nome do respeito às Leis, à moralidade da administração pública, e em defesa da sociedade, não tem mais o que esperar para instaurar o procedimento legal que possa apurar as denúncias de crimes, no processo de eleição dos novos dirigentes do Legislativo municipal, que foram feitas pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Salmito Filho (PT), e pela prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), tudo registrado nos jornais da cidade de Fortaleza, e nas emissoras de rádio e televisão.
Para o vereador Salmito Filho, alguns dos vereadores que estavam na sua lista de apoio, sofreram ´chantagens e pressões impublicáveis´ para que mudassem seus votos. Já a prefeita Luizianne Lins em seu discurso de posse, após a derrota sofrida na eleição para a Mesa Diretora da Câmara, falou em ´traição´ e deu entrevistas dizendo que um vereador ao atender ao seu pedido para não votar em Salmito, teria dito que estava abrindo mão de R$ 30 mil. Como Salmito, que não disse que tipo de chantagens e quais as pressões impublicáveis sofridas por quem, Luizianne também não citou nomes.
Previsto
A prefeita Luizianne Lins fez de tudo para que Tin Gomes (PHS) não fosse o nome indicado pelo governador Cid Gomes, representando o PSB, para ser o seu companheiro de chapa. Ela disse ao próprio Tin, em um almoço que aconteceu na sexta-feira, antevéspera da convenção municipal que aconteceria no domingo, conforme relato feito pelo Diário do Nordeste, na época, junho de 2008, que não o queria como vice-prefeito.
Antes de explicitar sua posição contrária ao nome de Tin para ser o seu vice, Luizianne, por outras fontes, fez chegar ao conhecimento de parte da imprensa que o PSB iria indicar para sua chapa o deputado federal Ariosto Holanda. Em outro momento o nome era o do ex-vereador Rogério Pinheiro. Só balão de ensaio na tentativa de demover o governador da idéia de indicar para vice o ex-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza.
Luizianne esteve pessoalmente com o governador Cid Gomes, na semana da convenção que homologaria sua candidatura e a do vice. Não conseguiu demovê-lo. A conversa de Luizianne e Cid, naquele dia, teve dois tempos: antes e depois do almoço no gabinete do Palácio Iracema. O governador havia convidado, com uma certa antecedência, para almoçar com ele, naquele dia, o jornalista Edison Silva, e a refeição foi partilhada com a prefeita. O jornalista saiu do encontro com a certeza de que o governador não mudaria. Ele só indicaria um nome se fosse o de Tin Gomes.
O governador, em fevereiro do ano passado, chamou Tin Gomes para uma conversa sobre a sucessão municipal de Fortaleza e disse-lhe que, confirmado o que estava sendo propalado pela prefeita, de que a ele caberia a indicação do vice, seria Tin o indicado.
O então presidente da Câmara Municipal tinha, naquela época, o projeto de se reeleger, ter tempo de trabalhar a eleição de alguns prefeitos no Interior, e continuar presidente da Câmara Municipal por mais dois anos para, em 2010 conquistar cadeira de deputado estadual, o que seu pai, João Frederico Ferreira Gomes ao longo de vários mandatos.
Mas, como foi relatado pelo Diário do Nordeste, o governador estava indicando um vice para que Luizianne, empolgada pelo sucesso da reeleição, que já poderia se antever, até pela fraqueza dos seus adversários, não se sentisse estimulada a ser o principal adversário dele na disputa pelo Governo do Estado em 2010, posto não contar com a Prefeitura para lhe garantir aquela indispensável estrutura de campanha, tão providencial como demonstrou ser na disputa pela reeleição. Pela indicação do vice, ela poderia até ter o respaldo da administração municipal para disputar qualquer outro cargo, menos o de governador do Estado.
Diferente
Embora na Legislatura passada a Câmara Municipal de Fortaleza, presidida pelo vereador Tin Gomes, tenha atendido a todas as pretensões da prefeita, Luizianne nunca se sentiu à vontade para tratar com o seu presidente, eleito para o cargo sem precisar de um só voto de aliado da prefeita. Homem de convicções, independente, destemido como o pai e que professa ideologia diametralmente oposta à da prefeita, atendeu aos interesses da administração a seu jeito, o que deixou bem explicitado para a prefeita que como um vice seria bem diferente do que o Carlos Veneranda.
Além do mais, aproveitando-se da independência financeira da Câmara e os poderes conferidos pela Lei Orgânica municipal, Tin, como qualquer presidente do Legislativo, que respeite o cargo, a si, seus colegas e os cidadãos da municipalidade, independente e compromissado com os relevantes interesses da administração, sem qualquer tipo de subserviência tão do agrado de quem detém a chefia do Poder Executivo no momento, firmou-se como líder daquela Casa.
E, embora sem os poderes de ordenador de uma despesa que se aproxima dos R$ 100 milhões anuais, mostrou, com a eleição da nova Mesa da Câmara, que ainda poderá causar muitas outras dificuldades políticas à prefeita, caso Luizianne insista em não reconhecer a derrota e ter a devida humildade para tratar com urbanidade, o vice e todos os demais vereadores da Capital, que foram eleitos para agirem com independência no exercídio da representação popular.
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