
Tin Gomes foi o principal articulador da eleição do vereador Salmito Filho para a presidência da Câmara
A prefeita Luizianne Lins (PT) não escondia o seu constrangimento, ontem, ao lado do vereador Salmito Filho (PT), recém-eleito presidente da Câmara Municipal, quando da solenidade de posse para o seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Fortaleza. A prefeita fez de tudo, até o início do processo de votação, para eleger o vereador Elpídio Nogueira (PSB).
Ela perdeu a Mesa da Câmara e oficializou o rompimento com o seu vice-prefeito, Tin Gomes, o principal articulador da candidatura de Salmito. Tin Gomes nem sequer participou da solenidade de posse. Ele vai ser empossado pelo presidente da Câmara em outra solenidade a ser marcada ainda hoje.
O interesse de Luizianne em derrotar Salmito fez com que ela recorresse até ao governador Cid Gomes (PSB). E pela primeira vez, nas últimas décadas, a eleição dos novos dirigentes da Câmara Municipal de Fortaleza reclamou a participação direta do governador do nosso Estado. Cid Gomes conversou, nas 48 horas que antecederam a eleição de ontem, com vários vereadores para tentar viabilizar a eleição do vereador Elpídio Nogueira, contra a postulação vitoriosa do petista Salmito Filho.
Derrota
A vitória de Salmito, por 24 votos contra 16 de Elpídio e um registrado para João Alfredo, foi uma derrota imposta à prefeita Luizianne Lins e aos seus aliados Cid Gomes, Eunício Oliveira, Inácio Arruda. Todos fizeram esforços no sentido de garantir a vitória do candidato da prefeita. A prefeita tanto sentiu a derrota que em mais de uma oportunidade deixou o seu discurso escrito para, de improviso, fazer colocações censurando implicitamente o comportamento de Salmito.
No encerramento da solenidade ela foi mais agressiva ainda. Saiu da mesa onde estava entre o presidente da Câmara e o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Fernando Ximenes, sem cumprimentar o chefe do Legislativo.
Fechou questão
Enquanto o grupo da prefeita Luizianne continuava tentando conseguir mais votos para Elpídio, o grupo liderado pelo vice-prefeito Tin Gomes, reunindo 24 vereadores almoçava em uma churascaria de Fortaleza, confiando que poderia somar ao grupo dois outros vereadores.
Um deles seria a vereadora Eliana Gomes. O PC do B fechou questão e ela teve que votar em Elpídio, como afirmou em plenário:´o meu partido decidiu que o meu voto é do Elpídio´. Antes, o deputado Lula Morais, do mesmo partido, dizia ao vice-prefeito Tin Gomes, que Eliana votaria no Salmito, reproduzindo o que ela já havia afirmado aos correligionários.
Os apoiadores de Salmito chegaram à Câmara Municipal em um ônibus, após ter acertado, no almoço, a composição de toda a Mesa Diretora. Salmito à frente seguido de Tin Gomes e os demais entraram no auditório da Câmara, enquanto no gabinete do vereador Carlos Mesquita (PMDB) estava o pessoal da prefeita convocando os vereadores da base aliada.
O vereador Guilherme Sampaio (PT) entrava e saia do plenário tentando levar vereadores ao gabinete de Carlos Mesquita, mas não obteve sucesso nas suas empreitadas.
Comando
Tin Gomes, elogiado no discurso emocionado de Salmito, comandou os momentos finais do processo do gabinete da presidência da Câmara. Ele começou a costurar a candidatura de Salmito após ter ouvido da prefeita, segundo afirma, que o novo presidente da Câmara seria um vereador do PT (nunca foi falado que havia acordo para que o presidente da Câmara fosse do PSB), já com mandato, o que reduziu o número de postulantes a Salmito e Guilherme Sampaio.
Quando a candidatura de Salmito se tornou irreversível, a prefeita convocou os aliados petistas, defendeu a retirada da candidatura de Salmito para buscar um outro candidato no PSB. Salmito não abriu mão e a prefeita se fixou na candidatura de Eliane Novais, retirada 24 horas depois para surgir o nome de Elpídio Nogueira. O vereador Acrísio Sena (PT), que defendia a candidatura de Salmito foi o único a retirar o seu apoio. Todos os outros vereadores que haviam assinado uma lista de apoio a Salmito permaneceram unidos.
Tin Gomes que articulava sua substituição na presidência da Câmara foi chamado pela prefeita e pelo governador para reverter o quadro. Ele teria dito, a ambos, que não haveria mais como mudar. E a partir dai assumiu a linha de frente da articulação vencedora, contrariando a ambos.
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