Taxas de alfabetização e escolaridade crescem no CE
No Nordeste, houve a maior redução da taxa de analfabetismo, passando de 32,7%, em 1992, para 19,9% em 2007
Os dados da pesquisa apontam que tanto a taxa de alfabetização no Ceará como na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) aumentaram e tiveram significativas melhoras entre os anos de 2001 e 2007. A taxa de alfabetização das pessoas com cinco anos ou mais de idade no Ceará, em 2007, foi de 79,77%, enquanto que na RMF foi de 88,33%. Em 2001, essas taxas eram, respectivamente, 73,66% e 84,76%. Para a Pnad, são consideradas pessoas alfabetizadas aquelas que sabem ler e escrever, pelo menos um bilhete.
Analfabetismo no Brasil
De 2006 para 2007, a taxa de analfabetismo no País passou de 10,4% para 10,0%, que representa cerca de 14,1 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais de idade. A Pnad mostra que, nos últimos 15 anos, foram verificados avanços significativos na educação, lembrando que a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais chegara a 17,2% no ano de 1992.
A queda dessa taxa foi observada em todas as grandes regiões investigadas, sendo que no Nordeste houve a maior redução da taxa de analfabetismo, passando de 32,7%, em 1992, para 19,9% em 2007.
Apesar dessa redução significativa, o Nordeste registra ainda a maior taxa dentre todas as regiões (19,9%), seguido pela região Norte com 10,8%. As menores taxas de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foram observadas no Sudeste (5,7%) e na Região Sul (5,4%).
Em 2007, 21,6% dos brasileiros de 15 anos ou mais de idade eram analfabetos funcionais, contra 22,2% em 2006. De acordo com a pesquisa, as regiões Norte e Nordeste tinham as maiores taxas: 25,0% e 33,5%, respectivamente.
Já a taxa de escolarização da população cearense de quatro anos ou mais de idade passou, segundo a pesquisa, de 84,7%, em 2006, para 85,8%, em 2007, quando 1,546 milhão de alunos na faixa etária de seis a 14 anos estavam nas salas de aula das escolas do Ceará.
Por outro lado, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) no Ceará mostram também que houve diminuição no número de alunos em salas de aulas, acompanhando também uma tendência do País, onde, no ano passado, 56,3 milhões de brasileiros estudavam -0,5% menos que no ano anterior.
De 2006 para 2007, houve diminuição de estudantes em quase todas as faixas etárias, à exceção das correspondentes ao ensino fundamental, que vai de seis a 14 anos.
A Pnad chama atenção para o crescimento da freqüência à escola entre as crianças de quatro ou cinco anos no País. Em 2007, o percentual foi de 70,1%, que representa 2,5 pontos percentuais acima do resultado de 2006. A maior elevação foi registrada na região Norte: de 54,6%, em 2006, para 59,7% em 2007.
De 2006 para 2007, Amazonas, Alagoas e Paraná tiveram os maiores crescimentos de freqüência escolar no grupo de quatro ou cinco anos, respectivamente, de 12,1; 7,5; e 7,1 pontos percentuais. As maiores quedas da taxa de escolarização nesse grupo foram no Amapá (de 59,4% para 51,7%), em Santa Catarina (de 73,7% para 69,7%) e no Mato Grosso (de 54,3% para 47,9%).
No Ceará, os estudantes de quatro e cinco anos, relacionados à educação infantil, diminuíram de 254 mil em 2006 para 234 mil alunos em salas de aula em 2007.
No entanto, a taxa de escolarização nessa faixa etária no mesmo período aumentou de 84,6% para 85,7%. Houve redução também na faixa que vai de 15 a 17 anos, caindo de 402 mil em 2006 para 388 mil no ano passado.
Apesar disso, na faixa etária de estudantes cearenses de seis a 14 anos, quando o ensino é obrigatório, houve um crescimento de 1,351 milhão de alunos para 1,389 milhão, de 2006 para 2007. Dos 1,584 milhão de pessoas de 06 a 14 anos no Ceará em 2007, 97,5% estão em salas de aula.
No contingente de jovens de sete a 14 anos de idade no Brasil foi verificada a maior freqüência à escola (97,6%), resultado estável em relação a 2006. Em termos regionais, essa taxa foi de, aproximadamente, 98% nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste; 97,1% no Nordeste e 96,2% no Norte.
MUDANÇA
População envelheceu no Estado
O Ceará está com a população mais velha. Nos últimos seis anos, o número de pessoas com 60 ou mais anos de idade cresceu 27,08%. Em 2001, este grupo somava 694 mil dos cearenses. Já em 2007, passaram a representar 882 mil da população total, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados da Pnad revelam que as pessoas com 60 ou mais anos representam 10,55% da população do Ceará em 2007, estimada em 8,3 milhões. Em 2001, os idosos correspondiam a 9,16% do total de cearenses. Nos últimos seis anos, o IBGE registrou um acréscimo de 188 mil pessoas nessa faixa, considerada da terceira idade.
O resultado da Pnad 2007 demonstra ainda o avanço de 46% entre os septuagenários e os octogenários no Ceará. Em 2001, essas duas faixas de idosos somavam 334 mil pessoas, correspondendo a 4,41% da população total do Estado. No ano passado, este contigente subiu para 415 mil idosos, ampliando sua participação para 4,97% no total dos residentes.
Nos últimos seis anos, a faixa inicial da terceira idade, ou seja, os cearenses e/ou residentes com idade entre 60 a 64 anos de idade aumentaram sua participação no total da população em 23,30%. Passaram de 206 mil, em 2001, para 254 mil, em 2007.
Os dados da Pnad 2007 não só confirmam a tendência de envelhecimento populacional no Estado, iniciada em 1992, comportamento que se repete em todo o País, como também apontam queda de 20,61% no contingente de crianças.
No ano de 2001, haviam 810 mil pessoas na faixa etária de zero até quatro anos de idade, enquanto no ano passado este número encolheu para 643 mil crianças.
O declínio infantil é ainda mais sentido entre as crianças menores de um ano. De acordo com a Pnad, essa faixa etária tinha uma participação de 1,97% em 2001, quando o Ceará registrou a presença de 149 mil crianças abaixo de um ano. Em 2007, a participação foi menor, somente 1,52%, o que representa 127 mil bebês.
A mudança na estrutura etária da população também é significativa na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A Pnad mostra um aumento de 46% na população idosa nos últimos seis anos. Haviam 213 mil pessoas com 60 ou mais anos de idade em 2001, número que saltou para 311 mil na pesquisa do ano passado.
Entre os idosos, a Pnad revela que já vivem na RMF 130 mil pessoas com 70 ou mais anos de idade. Total que supera o contigente de cearenses entre 60 a 64 anos de idade, que representam 98 mil indivíduos e, o grupo de 65 a 69 anos de idade, com 83 mil integrantes.
EDUCAÇÃO NO ESTADO
Secretária ressalta distorção idade-série
Apesar de reconhecer que ainda serão necessários muitos esforços para atingir a excelência da educação no Ceará, a secretária da Educação Básica no Estado, Izolda Cela, disse que, frente ao crescimento da taxa de alfabetização e escolarização, a diminuição da quantidade de alunos nas escolas cearenses em diversas faixas etárias não são tão significantes.
Ela explica que essa diminuição no número de estudantes pode ser decorrente do índice de distorção idade-série, que no Estado ainda é muito alto, face às “distorções” que a rede possui. “Existe um grande número de alunos que deveriam estar no Ensino Fundamental e não estão”, aponta. Os dados da pesquisa, para Cela, precisam ser analisados e ponderados para que conclusões precipitadas não sejam geradas.
Com relação à inclusão de crianças de quatro e cinco anos na escola, a secretária da Educação Básica reconhece que o desafio da inclusão é muito grande. “Os municípios, de uma maneira geral, não têm condições de ampliar o atendimento porque ainda têm déficit de equipamentos, que vai desde estrutura física até proposta pedagógica”, disse.
Ela considera que o percentual de 97,5% de alunos de seis a 14 anos estarem na escola é muito bom. No entanto, destaca que isso não exime a rede de buscar o resíduo que está fora da sala de aula. “São milhares de crianças e jovens, com nome, sobrenome e endereço, que precisam estar na escola”, disse Izolda Cela.
Já na faixa etária de 15 a 17 anos, o grande desafio para o Estado é conseguir chegar mais próximo dos jovens das zonas rurais. O que acontece, segundo a secretária, é que há dificuldade de acesso ou porque não há escolas. Ela informa que o Estado realizou licitação para construção de 22 escolas em áreas rurais
Cedeca
O assessor jurídico Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedeca-CE), Márcio Alan Menezes Moreira, destaca que o aumento de investimentos e recursos disponíveis são fundamentais para se atingir a educação de qualidade no País.
Para ele, a mudança na nomenclatura das séries, que aconteceu recentemente, pode ter influenciado na diminuição da quantidade de alunos em salas de aula, de acordo com faixa etária. Diz que a diminuição nas matrículas na educação infantil acontece porque a oferta é pequena e que o ensino profissionalizante casado ao Ensino Médio pode ajudar a manter os alunos de 15 a 17 anos em sala de aula, na medida em que vai oferecer oportunidade de aprendizado.
Paola Vasconcelos e Suelem Caminha
Repórteres
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Velhice com qualidade de vida é o ideal
ELCYANA BEZERRA
Prof. da Unifor e Dir. da Abraz
O envelhecimento da população é inevitável. A queda na fecundidade e o controle de natalidade são algumas das causas do processo de envelhecimento populacional. Além disso, o envelhecimento é maior em algumas regiões nordestinas devido à migração dos jovens para os grandes centros urbanos e, também devido ao avanço da tecnologia da saúde, que tem prolongado a vida das pessoas.
Se a fecundidade continuar caindo, o processo de envelhecimento da população será mais acelerado. Diante desse fato, é importante que as pessoas que estão envelhecendo cheguem à terceira idade, com qualidade de vida. Como a maioria tem doenças crônicas invalidantes é necessário que a rede pública dê suporte de ao idoso, passando pela questão do abrigo até o acolhimento pela própria família e pela comunidade.
O fenômeno do envelhecimento é mundial. Vários países se prepararam para atender às necessidades desse público. No Brasil, só a partir da década de 70, teve início os programas voltados para idosos. Ele existe e precisa ser visto como um indivíduo participativo da sociedade, mas não dá para esperar só pelo outro. O próprio idoso tem que modificar seu pensamento em relação a velhice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário