Câmara vira balcão de venda de votos
Com a proximidade das eleições municipais, instala-se um grande movimento de pessoas dispostas a vender o voto em troca de dinheiro ou benefícios na Câmara de Fortaleza. Os vereadores afirmam que a iniciativa é comum, mas dizem ser contra esse tipo de cultura política
Já é normal o aumento do fluxo de pessoas na Câmara Municipal em ano de eleições. Na manhã de ontem, contudo, constatou-se que o maior movimento, em grande parte, é causado pelo estabelecimento de um verdadeiro balcão de oferta de voto, utilizado como moeda de troca por eleitores interessados em se aproveitar da eleição para obter algum benefício dos vereadores.
Próximo à entrada que dá acesso a um dos corredores onde se concentram os gabinetes dos vereadores, a desempregada Maria Elda esperava pelo vereador Alri Nogueira (PSDB). Ela aparentava nervosismo, mas não escondeu o motivo que a levou até lá: uma conta atrasada de energia elétrica no valor de R$ 28. Preocupada em ter o fornecimento de energia cortado, Elda queria pedir ao vereador tucano que pagasse a conta. "Ele é sempre muito bom", afirmou. Questionada se venderia seu voto em troca do favor, a mulher não titubeou. "Quem me ajudar eu voto. E ainda arrumo o voto de um monte de gente", garantiu.
Em outro ponto da Câmara, a costureira Maria da Conceição procurava o vereador Carlos Mesquita (PMDB). Iria pedir um emprego para o filho, além de um advogado que a orientasse no caso de uma adoção. Conceição afirma que o vereador costuma ajudar bastante seus conhecidos, mas que nunca pediu nada em troca. "Ele não pede pra votar, é muito discreto. Mas, se ele pedir, é garantido o meu voto", declarou a costureira, que se considera cabo-eleitoral de Carlos Mesquita desde a época em que ele se lançou na carreira política.
Apoio político
Num corredor, o jornalista Jaime Caribé procurava pelo gabinete de Rogério Pinheiro (PSB). Iria tentar negociar o apoio do grupo político esquerdista que integra em troca de uma cota para o jornal Inverta, que ajuda a escrever. "Não temos estimativa de quantos votos conseguiríamos, mas temos um bom quadro para trabalhar na campanha", garantiu. Jaime também condicionou o apoio ao comprometimento de Rogério com a plataforma política do grupo.
Perto do plenário também ficam aqueles que esperam a saída dos vereadores para fazer seus pedidos. Foi o caso do mestre de obras Jarbas Norberto, que foi pela segunda vez à Câmara na esperança de conseguir um emprego. Assim que José Maria Pontes (PT) deixou o plenário, Norberto foi abordá-lo. Na volta, a decepção: "Ele negou, disse que era crime eleitoral", lamentou. Jarbas prometeu para si mesmo que nunca mais se deslocará até a Câmara em busca de vantagens. "Agora eu tenho é que arranjar dinheiro pra voltar pra casa", disse o mestre de obras, aborrecido.
Entre as pessoas que foram ontem ao legislativo municipal na tentativa de vender votos havia até artista. A cantora Luíza Marilaque estava em busca de algum vereador que patrocinasse o lançamento do seu CD. Como recompensa, não apenas o seu voto, mas parte dos votos de 1.300 famílias que ocupam uma comunidade no Vicente Pinzón, onde é presidente da associação de moradores Menino Jesus de Praga. "É gente que dá no meio da perna. Os votos são garantidos. São todos meus fãs", disse Luíza, sorridente.
Próximo à entrada que dá acesso a um dos corredores onde se concentram os gabinetes dos vereadores, a desempregada Maria Elda esperava pelo vereador Alri Nogueira (PSDB). Ela aparentava nervosismo, mas não escondeu o motivo que a levou até lá: uma conta atrasada de energia elétrica no valor de R$ 28. Preocupada em ter o fornecimento de energia cortado, Elda queria pedir ao vereador tucano que pagasse a conta. "Ele é sempre muito bom", afirmou. Questionada se venderia seu voto em troca do favor, a mulher não titubeou. "Quem me ajudar eu voto. E ainda arrumo o voto de um monte de gente", garantiu.
Em outro ponto da Câmara, a costureira Maria da Conceição procurava o vereador Carlos Mesquita (PMDB). Iria pedir um emprego para o filho, além de um advogado que a orientasse no caso de uma adoção. Conceição afirma que o vereador costuma ajudar bastante seus conhecidos, mas que nunca pediu nada em troca. "Ele não pede pra votar, é muito discreto. Mas, se ele pedir, é garantido o meu voto", declarou a costureira, que se considera cabo-eleitoral de Carlos Mesquita desde a época em que ele se lançou na carreira política.
Apoio político
Num corredor, o jornalista Jaime Caribé procurava pelo gabinete de Rogério Pinheiro (PSB). Iria tentar negociar o apoio do grupo político esquerdista que integra em troca de uma cota para o jornal Inverta, que ajuda a escrever. "Não temos estimativa de quantos votos conseguiríamos, mas temos um bom quadro para trabalhar na campanha", garantiu. Jaime também condicionou o apoio ao comprometimento de Rogério com a plataforma política do grupo.
Perto do plenário também ficam aqueles que esperam a saída dos vereadores para fazer seus pedidos. Foi o caso do mestre de obras Jarbas Norberto, que foi pela segunda vez à Câmara na esperança de conseguir um emprego. Assim que José Maria Pontes (PT) deixou o plenário, Norberto foi abordá-lo. Na volta, a decepção: "Ele negou, disse que era crime eleitoral", lamentou. Jarbas prometeu para si mesmo que nunca mais se deslocará até a Câmara em busca de vantagens. "Agora eu tenho é que arranjar dinheiro pra voltar pra casa", disse o mestre de obras, aborrecido.
Entre as pessoas que foram ontem ao legislativo municipal na tentativa de vender votos havia até artista. A cantora Luíza Marilaque estava em busca de algum vereador que patrocinasse o lançamento do seu CD. Como recompensa, não apenas o seu voto, mas parte dos votos de 1.300 famílias que ocupam uma comunidade no Vicente Pinzón, onde é presidente da associação de moradores Menino Jesus de Praga. "É gente que dá no meio da perna. Os votos são garantidos. São todos meus fãs", disse Luíza, sorridente.
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