Nutrição para tratar doenças
Ontem, último dia do evento, uma das temáticas discutidas foi o desenvolvimento de produtos complementares
A premissa de que uma alimentação natural e balanceada é fundamental para a qualidade de vida não é sequer contestada. Porém, conforme afirmam especialistas na área da Nutrição, diante dos diferentes sintomas clínicos dos pacientes, outros recursos precisam ser inclusos no tratamento de doenças, já que somente a dieta natural não basta.
Dentre outras questões que permeiam o campo da alimentação na atualidade, essa foi uma das discussões que tiveram destaque, ontem, no último dia do IV Simpósio Internacional de Nutrição e Metabolismo, realizado pela Nuteral no Centro de Convenções, com a participação de 600 profissionais como nutricionistas, médicos, químicos e farmacêuticos.
Ministrada pelo nutricionista Augusto Magalhães, coordenador de inovações da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), a palestra “Desenvolvimento de novos produtos nutricionais” apresentou as novidades na área, além dos desafios enfrentados pelos pesquisadores brasileiros na concepção de complementos nutricionais.
De acordo com Magalhães, pesquisador da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e presidente da Nuteral, empresa de base tecnológica com apoio da Funcap, muitas vezes, combinações de nutrientes, advindos de frutas e outros alimentos, podem contribuir para aumentar a expectativa de vida, até mesmo de doentes.
Isso porque, como reforça Nivaldo Barroso de Pinho, chefe do Serviço de Nutrição do Instituto Nacional de Câncer (Inca), as evidências comprovam que à medida que o paciente estiver mais bem nutrido, melhores serão as respostas ao tratamento aplicado, inclusive no que se refere à melhoria das complicações, como vômitos, anorexia e diarréias, provocadas por doenças como o câncer, por exemplo.
“Modificam-se os hábitos alimentação em função das necessidades do tratamento. Para pacientes com câncer, utiliza-se muitos desses produtos complementares pelo fato da alimentação natural não conseguir atingir um resultado satisfatório”, comenta Pinho.
Exatamente por isso, segundo acentua Magalhães, “o mundo inteiro tem utilizado novos nutrientes no desenvolvimento de novas fórmulas”. Como disse, além dos chamados alimentos funcionais, cuja composição nutre a influencia na prevenção e no tratamento de algumas doenças, inovações têm sido estudadas e realizadas.
Apesar de, como criticou Magalhães, o Brasil ainda não se apresentou como um espaço propício para o estudo e desenvolvimento de uma alimentação complementar. Segundo ele, a concepção de novos produtos enfrenta burocracia e exigências legais, que agem como barreiras. Elas impedem que empresas ligadas busquem dentro do País alternativas e produtos complementares.
“Ainda não temos uma regulamentação moderna, que impede as inovações de avançarem, obrigando o Brasil a buscar essas inovações em outros países”, esclarece. Ainda como desafios para a os estudos, o presidente da Nuteral ressaltou a necessidade de se antecipar às tendências do mercado, aparecendo como requisitos o conhecimento científico e a sensibilidade dos pesquisadores.
Na tentativa de unir mais conhecimentos no tratamento de doenças como o câncer, Nivaldo Pinho antecipou que o Inca está criando diretrizes para a assistência nutricional de pacientes com a doença. A idéia é colaborar o primeiro consenso do País, onde cada região estudará um aspecto em específico. O Norte e o Nordeste estão concentrados no câncer em adultos e, assim, independente do estado os pacientes terão o tratamento adequado.
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