

Maurren Maggi é ouro no salto em distância
Saltadora brasileira supera russa por um centímetro e faz história
Em sua segunda participação em Olimpíada, a experiente atleta brasileira Maurren Maggi, de 32 anos, chegou ao ouro no salto em distância, ao saltar 7,04m, logo na primeira tentativa. Depois de César Cielo, este foi o segundo título olímpico conquistado por brasileiros em Pequim.
As outras saltadoras ficaram pressionadas por este salto impecável e não conseguiram nem sequer chegar perto da brasileira até a última rodada. Mas a russa Tatyana Lebedeva, que havia queimado três tentativas consecutivas, conseguiu a marca de 7,03m no seu último salto e quase tirou o ouro de Maurren. O bronze ficou para a nigeriana Blessing Okagbare, que saltou 6,91m.
Até esta final, Maurren era a detentora da segunda melhor marca do salto em distância na temporada, com 6,99m (obtida no Troféu Brasil em junho). Maurren vai voltar para o Brasil como a primeira atleta do país a conquistar uma medalha de ouro em esporte individual na história dos Jogos.
Em 2007, Maurren foi campeã no Pan do Rio e finalista no Mundial de Osaka. No Mundial Indoor de Valência, este ano, ganhou a medalha de prata, ficando atrás apenas da portuguesa Naíde Gomes, que não disputou a final em Pequim.
Em Sydney-2000 ela havia alcançado 6,35m, terminando na 25ª colocação geral e não participou dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 em razão de uma suspensão por doping.
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A saltadora superou feito conquistado pela judoca Ketleyn Quadros, que faturou também na China a primeira medalha brasileira individual, com o bronze. Antes de 2008, nenhuma atleta do país havia superado o quarto lugar. A primeira a alcançar este resultado foi Aída dos Santos no salto em altura, em Tóquio-1964. Quarenta anos depois, Natália Falavigna ocupou este posto na categoria acima de 67 kg do taekwondo, após ser derrotada pela venezuelana Adriana Carmona.
Apenas em sua segunda participação olímpica, apesar dos 32 anos, a atleta vai ao pódio pela primeira vez para coroar uma das carreiras mais bem sucedidas e conturbadas do esporte nacional. Até chegar ao atual ciclo olímpico, Maurren Maggi viveu um verdadeiro calvário.
Nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, ela chegou como uma das favoritas ao ouro. Sua marca até então, 7,26 m, de junho de 1999, a colocava no seleto grupo das atletas que passaram dos 7 metros. A marca é tão boa que, desde então, somente três atletas saltaram mais longe em todo o planeta, todas russas: Tatyana Kotova (7,42 m em 2002), Tatyana Lebedeva (7,33 m em 2004) e Irina Simagina (7,27 m em 2004).
Trajetória da atleta
- Eliminatórias
- 2º (6,79 m)
- Final
- 1º (7,04 m)
- Melhor salto em 2008
- 6,99 m
- Recorde pessoal
- 7,26 m
Nos Jogos, porém, Maurren decepcionou. Ainda nas eliminatórias, sofreu uma contusão muscular. Voltou apenas com a 25ª marca e sob uma avalanche de críticas. O motivo? A delegação do Brasil deixou a Austrália sem ouros e o título olímpico ficou com Heike Drechsler, da Alemanha, com meros 6,99 m.
Depois, veio o maior drama da carreira da atleta. Em 2003, logo às vésperas do Pan-Americano de Santo Domingo, em que tentaria repetir suas duas medalhas de Winnipeg-1999. Um teste antidoping, no entanto, apontou resultado positivo para clostebol, componente de uma pomada cicatrizante usada pela atleta. O caso a tirou não só do Pan, mas das Olimpíadas de Atenas-2004.
Na época de Santo Domingo, Maurren possuía o melhor salto da temporada e, com a suspensão de dois anos imposta pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo), resolveu abandonar o atletismo. Foi morar em Mônaco com o piloto Antonio Pizzonia, com quem teve Sophia. A filha foi uma das viradas na vida de Maurren. A mãe abandonou o conturbado casamento, voltou para São Paulo e para as pistas do Ibirapuera, competindo a partir do início de 2006.
A evolução até Pequim foi gradual. “A volta foi dolorosa, tanto na parte física como mental. Mas por ela, valeu", disse, referindo-se à filha. As marcas lentamente evoluíram e a paulista se apresentou mais consistente do que antes. Em 2007, conseguiu o ouro no Pan-Americano passando a colega de treinos Keila Costa, mas ainda abaixo dos sete metros. No Mundial, foi sexta, tendo feito 6,95 m nas eliminatórias. Este ano, finalmente mostrou em uma competição seu potencial. No Mundial Indoor, foi prata, atrás apenas da portuguesa Naíde Gomes, dona do melhor salto da temporada (7,12 m), que falhou ao tentar se classificar nas eliminatórias.
Na China, a saltadora chegou embalada. No Troféu Brasil, que definiu a equipe brasileira de atletismo para os Jogos, marcou 6,99 m, apenas um centímetro da meta dos 7 metros, apontada por todos como suficiente para levar a medalha olímpica. “Ela está na melhor fase da carreira dela”, avisou o técnico Nélio Moura. Quem esteve no estádio olímpico de Pequim pôde comprovar.
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