Profissionais retornam às cidades de origem
História do médico Ricardo Hélio é exemplo de vida para os que saem em busca de melhorias e voltam à terra natal
Limoeiro do Norte. Se o mundo é redondo, a vida é cíclica e ao começo do fim tudo se resume a um “eterno retorno”, inclusive com lembranças da própria infância que o adulto não consegue explicar, a saudade é um alimento da alma que nutre muitos interioranos que sonham com um futuro promissor, profissional e pessoalmente, nem que para isso tenham que ir embora para a “cidade grande”, quando o “bença, pai - bença, mãe” é respondido com “vá com Deus, meu filho”. Na volta gloriosa, profissionais graduados, orgulho da família, referência para os mais novos e um novo sonho: retribuir com trabalho as lembranças de anos tão distantes da cidade-mãe. Sejam médicos, advogados, professores, enfermeiros, até diplomatas. Quem vai quer voltar. É o admirável retorno dos filhos pródigos do Interior.
Quando o pai agropecuarista conseguiu plantar no filho a semente da esperança, foi meio caminho andado para o renascimento de um ser humano obstinado, fugitivo do lugar comum e corredor atrás de seus sonhos, mesmo que fosse preciso ir muito longe - e mais longe ainda! A preocupação de Seu Manoel Coração e dona Dilma Chaves, ambos com poucos estudos, com a educação dos filhos era tamanha que ainda com cinco anos de idade, o jovem Ricardo Hélio deixou o sítio dos pais, em São João do Jaguaribe, em direção a Limoeiro do Norte, onde estudou o Ensino Fundamental e depois foi para Fortaleza, onde cursou o Ensino Médio.
Como pode um filho de gente pobre, morador da zona rural de um pequeno município do Interior querer ter o mesmo sonho dos “filhos de Doutor” nas faculdades de Fortaleza, a cidade grande bem diferente da calmaria interiorana? A “força de vontade” seria a resposta do médico Ricardo Hélio, mais conhecido como Ricardo Coração. “Fui morar em Fortaleza, onde cursei o 2º e o 3º anos do segundo grau, passando em inúmeros lares diferentes, aos favores de terceiros, muitas vezes em condições bem inadequadas pra estudar e residir com decência. Foi a época mais difícil, morei em quase dez lugares em dois anos”, lembra. Estudioso, Ricardo foi aprovado no vestibular para os cursos de Medicina, na Universidade Federal do Ceará (UFC), Ciências da Computação na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e Direito na Universidade de Fortaleza (Unifor). “Queria uma profissão que me viabilizasse o retorno ao lar, sentia falta de casa, da família desfeita precocemente, dos amigos, da vida boa do meu Limoeiro”, conta o médico, que passou todo o período da faculdade morando em pensionato. Com poucos recursos, “tive dias de faltar dinheiro até para apagar o ônibus para assistir aula”. Já no último ano, a pobreza foi tanta que não tinha como pagar o aluguel, dívida perdoada pela dona do lugar, que lhe permitiu continuar morando.
Quando terminou a faculdade, a obstinação de Ricardo era retornar para Limoeiro do Norte, terra de sua adolescência e onde fincou as principais raízes identitárias. O retorno foi adiado por mais um ano, pois foi convocado pelo Exército para atuar como médico militar na Amazônia. Em 2001, finalmente, retornou para a terra natal como médico, também trabalhou no Programa Saúde da Família (PSF) de Russas, tornou-se secretário de Saúde de Limoeiro, depois diretor-clínico do Hospital Regional Deoclécio Lima Verde, e desde sempre jogador amador dos “rachas” com os amigos, os mesmos de antes de ser médico.
Morando em casa própria, casado, com um filho e três enteados, Ricardo Coração, 31 anos, pegou-se atualmente num segundo êxodo: estuda na primeira turma cearense de Residência em Medicina de Emergência, em Fortaleza. Mas nos fins de semana sempre está em Limoeiro. Antes em nome dos pais, agora também em nome do filho. “Toda hora fico pensando em como melhorar algo, embora bem amadurecido quanto aos entraves que sempre existirão. Tenho realmente este sonho”, confessa.
Quando o pai agropecuarista conseguiu plantar no filho a semente da esperança, foi meio caminho andado para o renascimento de um ser humano obstinado, fugitivo do lugar comum e corredor atrás de seus sonhos, mesmo que fosse preciso ir muito longe - e mais longe ainda! A preocupação de Seu Manoel Coração e dona Dilma Chaves, ambos com poucos estudos, com a educação dos filhos era tamanha que ainda com cinco anos de idade, o jovem Ricardo Hélio deixou o sítio dos pais, em São João do Jaguaribe, em direção a Limoeiro do Norte, onde estudou o Ensino Fundamental e depois foi para Fortaleza, onde cursou o Ensino Médio.
Como pode um filho de gente pobre, morador da zona rural de um pequeno município do Interior querer ter o mesmo sonho dos “filhos de Doutor” nas faculdades de Fortaleza, a cidade grande bem diferente da calmaria interiorana? A “força de vontade” seria a resposta do médico Ricardo Hélio, mais conhecido como Ricardo Coração. “Fui morar em Fortaleza, onde cursei o 2º e o 3º anos do segundo grau, passando em inúmeros lares diferentes, aos favores de terceiros, muitas vezes em condições bem inadequadas pra estudar e residir com decência. Foi a época mais difícil, morei em quase dez lugares em dois anos”, lembra. Estudioso, Ricardo foi aprovado no vestibular para os cursos de Medicina, na Universidade Federal do Ceará (UFC), Ciências da Computação na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e Direito na Universidade de Fortaleza (Unifor). “Queria uma profissão que me viabilizasse o retorno ao lar, sentia falta de casa, da família desfeita precocemente, dos amigos, da vida boa do meu Limoeiro”, conta o médico, que passou todo o período da faculdade morando em pensionato. Com poucos recursos, “tive dias de faltar dinheiro até para apagar o ônibus para assistir aula”. Já no último ano, a pobreza foi tanta que não tinha como pagar o aluguel, dívida perdoada pela dona do lugar, que lhe permitiu continuar morando.
Quando terminou a faculdade, a obstinação de Ricardo era retornar para Limoeiro do Norte, terra de sua adolescência e onde fincou as principais raízes identitárias. O retorno foi adiado por mais um ano, pois foi convocado pelo Exército para atuar como médico militar na Amazônia. Em 2001, finalmente, retornou para a terra natal como médico, também trabalhou no Programa Saúde da Família (PSF) de Russas, tornou-se secretário de Saúde de Limoeiro, depois diretor-clínico do Hospital Regional Deoclécio Lima Verde, e desde sempre jogador amador dos “rachas” com os amigos, os mesmos de antes de ser médico.
Morando em casa própria, casado, com um filho e três enteados, Ricardo Coração, 31 anos, pegou-se atualmente num segundo êxodo: estuda na primeira turma cearense de Residência em Medicina de Emergência, em Fortaleza. Mas nos fins de semana sempre está em Limoeiro. Antes em nome dos pais, agora também em nome do filho. “Toda hora fico pensando em como melhorar algo, embora bem amadurecido quanto aos entraves que sempre existirão. Tenho realmente este sonho”, confessa.
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