Nas diversas classes sociais, a desinformação e a indiferença em relação à Câmara são grandes. Um dos motivos pode ser a natureza dos trabalhos no Legislativo, que tem se concentrado em pequenas questões, como mudanças de nomes de ruas
A cada quatro anos, a dúvida vem à tona: para que serve um vereador? "Pra te falar a verdade, eu nem sei", confessou a manicure Socorro Borges, 34. "Eu sei pra que serve o prefeito. O vereador eu não sei", respondeu o vigilante de carros Claudemir de Oliveira, 28. Ele fez um esforço para lembrar o nome do candidato em quem votou na última eleição, mas acabou desistindo. "É porque faz muito tempo", justificou.
O desconhecimento de boa parte da população acerca das atribuições dos vereadores tem razão de existir: é grande o número de candidatos e pequeno o espaço para debate. Enquanto um concorrente à Prefeitura chega a ter mais de dez minutos para se apresentar durante a propaganda eleitoral na televisão e no rádio, os candidatos a vereador têm pouquíssimos segundos para convencer o público. Dessa forma, não sobra tempo para discutir as funções e a importância do cargo.
Distribuir benesses, doar material de construção, realizar obras? Nada disso faz parte do rol de obrigações dos vereadores. Mesmo assim, ainda são muitas as cobranças populares que compõem o viés paternalista desse parlamentar. O aposentado Antônio Capistrano de Souza, 74, contou que, em abril deste ano, recorreu a um vereador para obter auxílio médico para a esposa, que havia sofrido um enfisema pulmonar. "Ele não fez nada", reclamou o aposentado.
Para o cientista político Valmir Lopes, alguns setores da sociedade ainda vêem o vereador como um mero prestador de serviços para determinadas "clientelas", o que, segundo ele, dificulta a percepção das verdadeiras funções do cargo. "O dia todo tem gente na porta desses vereadores, gente que vai pedir as coisas mais absurdas possíveis", avaliou o professor.
Entretanto, não é apenas nas classes com menor poder aquisitivo que a desinformação e a indiferença ao Legislativo se fazem presentes. O estudante de Direito Diego Ponte, 23, também gaguejou quando perguntado sobre o voto nas últimas eleições proporcionais, em 2004. "Eu acho que votei num primo meu", disse ele, com um sorriso desconcertado. Diego acertou ao afirmar que um dos papéis dos vereadores é fiscalizar os gastos públicos do Executivo, mas bateu na trave quando indagado sobre o local onde trabalham esses parlamentares. "Na Assembléia", arriscou, confundido-se com o Legislativo estadual.
Nomes de ruas
Segundo o professor Valmir Lopes, a ausência de decisões importantes no cotidiano da Câmara é responsável pelo desinteresse político da população. "Atualmente, o que mais eles estão votando são projetos que definem nomes de ruas, são coisas sem muita relevância. Mas, quando se discutem projetos importantes, a sociedade tende a se movimentar".
Ele afirma também que o fato de, atualmente, boa parte dos vereadores estar na base aliada da Prefeitura faz com que a população tenha dificuldades em diferenciar os Poderes Executivo e Legislativo. "Quando há uma Câmara independente, com real poder de veto, as pessoas percebem que ali há um outro Poder", analisou Valmir.
A cada quatro anos, a dúvida vem à tona: para que serve um vereador? "Pra te falar a verdade, eu nem sei", confessou a manicure Socorro Borges, 34. "Eu sei pra que serve o prefeito. O vereador eu não sei", respondeu o vigilante de carros Claudemir de Oliveira, 28. Ele fez um esforço para lembrar o nome do candidato em quem votou na última eleição, mas acabou desistindo. "É porque faz muito tempo", justificou.
O desconhecimento de boa parte da população acerca das atribuições dos vereadores tem razão de existir: é grande o número de candidatos e pequeno o espaço para debate. Enquanto um concorrente à Prefeitura chega a ter mais de dez minutos para se apresentar durante a propaganda eleitoral na televisão e no rádio, os candidatos a vereador têm pouquíssimos segundos para convencer o público. Dessa forma, não sobra tempo para discutir as funções e a importância do cargo.
Distribuir benesses, doar material de construção, realizar obras? Nada disso faz parte do rol de obrigações dos vereadores. Mesmo assim, ainda são muitas as cobranças populares que compõem o viés paternalista desse parlamentar. O aposentado Antônio Capistrano de Souza, 74, contou que, em abril deste ano, recorreu a um vereador para obter auxílio médico para a esposa, que havia sofrido um enfisema pulmonar. "Ele não fez nada", reclamou o aposentado.
Para o cientista político Valmir Lopes, alguns setores da sociedade ainda vêem o vereador como um mero prestador de serviços para determinadas "clientelas", o que, segundo ele, dificulta a percepção das verdadeiras funções do cargo. "O dia todo tem gente na porta desses vereadores, gente que vai pedir as coisas mais absurdas possíveis", avaliou o professor.
Entretanto, não é apenas nas classes com menor poder aquisitivo que a desinformação e a indiferença ao Legislativo se fazem presentes. O estudante de Direito Diego Ponte, 23, também gaguejou quando perguntado sobre o voto nas últimas eleições proporcionais, em 2004. "Eu acho que votei num primo meu", disse ele, com um sorriso desconcertado. Diego acertou ao afirmar que um dos papéis dos vereadores é fiscalizar os gastos públicos do Executivo, mas bateu na trave quando indagado sobre o local onde trabalham esses parlamentares. "Na Assembléia", arriscou, confundido-se com o Legislativo estadual.
Nomes de ruas
Segundo o professor Valmir Lopes, a ausência de decisões importantes no cotidiano da Câmara é responsável pelo desinteresse político da população. "Atualmente, o que mais eles estão votando são projetos que definem nomes de ruas, são coisas sem muita relevância. Mas, quando se discutem projetos importantes, a sociedade tende a se movimentar".
Ele afirma também que o fato de, atualmente, boa parte dos vereadores estar na base aliada da Prefeitura faz com que a população tenha dificuldades em diferenciar os Poderes Executivo e Legislativo. "Quando há uma Câmara independente, com real poder de veto, as pessoas percebem que ali há um outro Poder", analisou Valmir.
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